domingo, 21 de agosto de 2011

Vice-presidente diz na China que os EUA nunca darão calote

O vice-presidente americano, Joe Biden, tentou tranquilizar a China, a maior credora estrangeira de Washington, ao declarar que os Estados Unidos "nunca estiveram em moratória e jamais estarão", durante visita ao país. Biden aproveitou, também, o pronunciamento feito para 250 alunos da Universidade de Sichuan em Shengdu, no sudoeste do País, para levantar a questão dos direitos humanos.

Mas o assunto de destaque foi mesmo a economia, ao final de uma visita de cinco dias, durante a qual quis tranquilizar os dirigentes da China sobre as finanças americanas e a solidez dos bônus do Tesouro, nos quais Pequim investiu US$ 1,17 bilhão. Os Estados Unidos "nunca estiveram em moratória", insistiu o vice-presidente, três semanas depois de um acordo de última hora no Congresso que permitiu evitar um calote catastrófico no pagamento de seus débitos.

Apesar das dificuldades atuais, continuou Biden, "os Estados Unidos são ainda a melhor opção para investir". Recentemente, a China chegou a expressar grande preocupação com o rebaixamento da dívida soberana americana pela agência de classificação Standard and Poor's e a imprensa oficial havia pedido severamente que os Estados Unidos deixassem de viver gastando mais do que ganhavam. Mas os altos dirigentes chineses foram mais conciliadores nos encontros com Biden nesta semana.

sábado, 20 de agosto de 2011

Quando o hobby vira fonte de renda


O engenheiro Luis Henrique Hartmann começou a colecionar carros antigos há 13 anos. Sua primeira aquisição foi um Impala 1969, pelo qual ele pagou R$ 2 mil. Desde então, ele comprou ainda um Fusca 1969 e importou um Cadillac 1960, uma Ferrari 1975 e um Jaguar E-Type 1971. E, embora não tenha começado sua coleção com a intenção de ganhar dinheiro, Hartmann encontrou uma fórmula para gerar uma renda extra a partir de seu hobby .

Depois de curtir bastante o Cadillac 1960, Luis Hartmann lucrou 15% com a venda do carro

“Depois de estudar bastante o processo de importação de carros antigos, consegui trazer um Cadillac dos Estados Unidos seguindo todas as regras exigidas para legalizar a entrada do veículo no Brasil. Curti muito o carro e após algum tempo, resolvi colocá-lo à venda”, afirma.

Como o preço nos Estados Unidos é muito mais baixo que o do mercado brasileiro – mesmo considerando todos os encargos e taxas embutidos na importação – Hartmann diz que não apenas recuperou o investimento inicial, mas registrou também um lucro de 15%” com a transação.

“Não penso em ganhar dinheiro com os carros que coleciono, mas tampouco estou disposto a enterrar grandes somas de capital no meu hobby. Por essa razão, sempre que planejo a aquisição de um automóvel, avalio a possível valorização do veículo”, afirma o engenheiro, que colocou o Jaguar à venda com o objetivo de reinvestir em sua coleção.

Colecionador de obras de arte contemporâneas, o executivo de um banco de investimentos que prefere não se identificar diz que esse pensamento também é bastante comum entre os apreciadores de arte. “Quem diz que compra um quadro ou escultura só por amor à arte, mente. Todo colecionador pensa na valorização que o item pode ter em médio e longo prazo, mesmo que não esteja disposto a vendê-lo num primeiro momento”, afirma o executivo, que tem por hábito acompanhar leilões e feiras de artes.


Reprodução de uma foto de Cindy Sherman exibida no metrô de Nova York

Ele próprio já viu uma foto de Cindy Sherman que comprou por US$ 200 (R$ 318) ser oferecida em um leilão, alguns anos depois, pelo lance mínimo de US$ 8 mil (R$ 12,7 mil) em um leilão nos Estados Unidos. Outro exemplo dado pelo executivo é o de uma tela que custou US$ 75 mil (R$ 119 mil) em 2003 e que agora é cotada a US$ 110 mil (R$ 175 mil).

“Com a instabilidade do mercado de ações, os ativos sólidos estão cada vez mais interessantes. Não por caso, cresce o mercado de compra e venda de itens como vinhos,relógios e até vidros de perfumes antigos”, afirma.

É o caso de Lino Sommer, que coleciona rádios antigos. Depois de fracassar em inúmeras tentativas de criar um “museu do rádio” em parceria com a Prefeitura de Gramado, no Rio Grande do Sul, onde ele vive, resolveu vender as peças. “Já tive propostas de emissoras de rádios e de uma rede de televisão, mas ainda estou esperando mais ofertas,” afirma.

Ele planeja vender todos os itens a apenas um comprador, por algo entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, valor muito acima do que calcula ter investido desde quando começou a colecionar. “Muitos eu ganhei de presente, outros adquiri por valores baixos,” conta Sommer, que também estuda colocar à venda suas outras coleções. “Tenho inúmeras: de chaveiros, moedores de pimenta, relógios de parede, LPs, lampiões, máquinas de escrever e carrinhos de madeira.”

Paixão não pode superar razão

Transformar um hobby de colecionador em fonte de renda extra não é difícil, mas é preciso tomar alguns cuidados para que o amor por determinados objetos não comprometa o orçamento familiar. Professor de Finanças do Senac São Paulo, Anísio Castelo Branco diz que o primeiro passo para não fazer do hobby um caminho para o endividamento é separar a emoção da razão.

Jaguar E-Type 1971 foi importado dos Estados Unidos e está à venda

De acordo com ele, um dos maiores riscos é que o colecionador, empolgado com sua paixão por determinado objeto, comece a acreditar que o seu gosto é comum a todas as pessoas. “Gastar uma fortuna em relógios antigos com a justificativa de que os objetos vão se valorizar com o tempo e que haverá uma extensa lista de compradores interessados caso seja necessário se desfazer da coleção é uma forma de enganar a si próprio”, afirma.

Se o colecionador quer usar seu hobby para gerar uma renda extra, é importante analisar questões como a existência de concorrentes no mercado, o poder de negociação com clientes e fornecedores e o impacto da tributação sobre a atividade, aconselha Castelo Branco, que coleciona miniaturas originais de carros.

Embora não tenha planos de vender nenhum de seus mais de 100 carrinhos expostos no escritório, ele garante que segue uma das regras básicas de Finanças para que seu hobby não se transforme em uma maneira de endividar-se. “Procuro usar apenas recursos extras para financiar minha paixão pelas miniaturas de automóveis e, mesmo quando vejo algum modelo que ainda não tenho, não cedo ao impulso imediato de comprá-lo, mesmo que tenha dinheiro para tanto”, diz.

(Colaborou Olivia Alonso)